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HISTOPATOLOGIA: ASPECTOS IMPORTANTES EM RELAÇÃO AO PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO

HISTOPATHOLOGY: IMPORTANT ASPECTS IN RESPECT TO HISTOLOGICAL PROCESSING

Carolina Reck1 ; Thiago Resin Niero2 ; Conrado de Oliveira Gamba3 ; Álvaro Menin4

1 Médica Veterinária, Mestre e Doutora em Ciência Animal – Biologia Molecular pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Atualmente é responsável técnico e gerente do VERTÁ – Laboratório Veterinário. Contato: carolina@verta.vet.br 2 Médico Veterinário pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente é promotor técnico-científico do VERTÀ – Laboratório Veterinário. Contato:

consultoria@verta.vet.br 3 Médico Veterinário, Mestre e Doutor em Patologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente é patologista do VERTÀ – Laboratório Vete-
rinário. Contato: passofundo@verta.vet.br 4 Médico Veterinário, Mestre em Ciência Animal pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e Doutor em Biociências e Biotecnologia – Imunologia e

Microbiologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atualmente é Professor da disciplina de Doenças Infecciosas dos Animais na Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

A histopatologia é um método diagnóstico que permite ca- racterizar processos inflamatórios e diagnosticar doenças in- fecciosas, degenerativas, autoimunes e neoplásicas a partir das alterações celulares e teciduais. O processamento histológico complexo e demorado, pois o tecido deve ser cortado em fragmentos extremamente finos capazes de permitir a passagem de luz no microscópio óptico.

ACONDICIONAMENTO E ENVIO DAS AMOSTRAS

Após a coleta, todos os materiais destinados ao exame histopatológico devem ser fixados em solução de formol a 10% por pelo menos 24 horas (período que varia de acordo com o tamanho da amostra) para evitar a proliferação de microrganismos decompositores e manter intacta a estrutura tecidual e celular. Nessa etapa, alguns critérios devem ser seguidos para evitar a má fixação e consequente atraso no processamento la- boratorial, tais como:

• Tamanho dos fragmentos: quanto menor o fragmento mais rápido é a fixação do tecido. Nos casos de cadeia mamária e nódulos grandes recomenda-se o envio do material inteiro, desta forma, o ideal é realizar cortes profundos nos tecidos sem a completa separação dos fragmentos para a penetração do formol.

• Quantidade de formol a 10%: deve ser 10 vezes mais que o volume do material a ser fixado. O material deve ser encaminhado ao VERTÀ – Laboratório Veterinário em frascos de “boca” larga devidamente vedados para evitar o extravasamento de formol, transportado em caixa de papelão ou de isopor lacrada, não sendo necessário a refrigeração.

PROCESSAMENTO HISTOLÓGICO

Ao chegar no VERTÀ – Laboratório Veterinário, o tecido será submetido ao processamento histológico que consiste em 5 etapas: análise macroscópica e clivagem, processamento tecidual, microtomia, coloração e montagem das lâminas e análise do patologista.

1. Análise macroscópica e clivagem

Figura 1. A análise macroscópica compreende aferir o tamanho do(s) fragmento(s) (A), a presença de nódulos, a coloração, o aspecto e a consistência do material. Em seguida, realiza-se a clivagem (B) e a organização dos fragmentos no cassete histológico.

2. Processamento tecidual

Figura 2. O processamento tecidual consiste em três etapas (desidratação, diafanização e inclusão em parafina) realizadas em equipamento específico (histotécnico). O tempo para a realização de todas as etapas é de 18 horas. Posteriormente, ocorre o emblocamento do fragmento tecidual em parafina (A e B)

3. Microtomia

Figura 3. A microtomia consiste na realização de cortes finos e uniformes a partir do material emblocado. Para isso, é utilizado um micrótomo capaz de realizar cortes de 3 a 5 micrômetros de espessura (A). Em seguida, o material é alocado em uma lâmina de vidro e deixado secar (B).

4. Coloração e montagem das lâminas

Figura 4. A coloração rotineira é a Hematoxilina & Eosina (HE) (A). Dependendo da suspeita clínica, pode-se utilizar uma coloração especial a fim de visualizar estruturas específicas, como fungos e protozoários. Após corado, a lamínula é fixada (B) e as lâminas estão prontas para leitura.

5. Análise do patologista

Figura 5. A leitura das lâminas é um processo criterioso realizado por um médico veterinário patologista (A) com conhecimento de histologia e vasta experiência no diagnóstico histopatológico de doenças em animais. Devido à grande diversidade de doenças, a leitura requer tempo, pois o patologista precisa identificar os tipos/linhagens celulares presentes e caracterizar o perfil das lesões encontradas. Também pode-se realizar a imunohistoquímica (B) por meio de alguns marcadores tumorais que permitem estabelecer o prognóstico e tratamento.

CONCLUSÃO

O exame histopatológico é fundamental para o diagnóstico de diversas doenças dos animais. No entanto, o processamento histológico e a leitura pelo patologista requerem tempo e experiência. Fatores pré-analíticos relacionados a adequada coleta e fixação em formol pelo clínico são essenciais para obter resultados rápidos e precisos.

BIBLIOGRAFIA

CAPUTO, L. F. G.; GITIRANA, L. B.; MANSO, P. P. A. Técnicas Histológicas. In: MOLINARO, E.; CAPUTO, L.; AMENDOEIRA, R. Conceitos e Métodos para a Formação de Profissionais em Laboratórios de Saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: EPSJV / IOC, 2010. Cap. 3. p. 89-188. CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – UFSC. Protocolo padrão de técnicas histológicas animal para microscopia de luz. Florianópolis: UFSC, 2017. 5 p. DIAS, E. P. Orientações Básicas em Macroscopia e Histotecnologia. Niterói: UFF, 2017. 8 p.

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